Participantes de comissão geral afirmam que Estado falha ao não dar atenção suficiente ao jovem e defendem Secretaria de Juventude. Outros convidados, no entanto, acreditam que governo e Parlamento cumprem seu papel. Houve ainda quem defendesse que o jovem não espere tudo do Poder Público
Parlamentares e convidados a falar em comissão geral sobre políticas públicas para a juventude cobraram, nesta terça-feira (3), na Câmara dos Deputados, mais investimentos do governo em educação, lazer, cultura, esporte e em ações para o primeiro emprego do jovem. Eles também criticaram o corte orçamentário decorrente do ajuste fiscal e a possível extinção da Secretaria Nacional de Juventude.
“Os jovens se mostram preocupados diante de um governo perdulário e querem ações concretas, como locais para prática de esportes, estudos, arte e combate à violência”, declarou Vergilio.
O vice-presidente do Conselho de Juventude do Distrito Federal e coordenador nacional da Juventude Socialista Brasileira do Centro-Oeste, Raphael Curado, também reclamou da falta de dinheiro para a juventude e do rebaixamento da secretaria. “Dinheiro para botar em conta na Suíça tem, mas para a juventude não tem”, criticou Curado.
Representatividade política
Raphael Curado apontou ainda a pouca representatividade política do jovem brasileiro, inclusive para debater a atual pauta de votações da Câmara dos Deputados, a qual considerou retrógrada nos direitos de mulheres, negros e homossexuais. “Concordando ou não com essas pautas, o preocupante é não ter nenhum jovem com esse perfil (homossexual, negro ou das classes menos abastadas) representando aqui na Câmara”, disse.
Por outro lado, o coordenador do Movimento Brasil Livre, Fernando Silva, defendeu que o jovem não se vitimize no debate e assuma as rédeas de seu futuro. “Eu fui obrigado a ouvir aqui que todo negro vai parar na cadeia, que o pobre não tem futuro se não for ajudado pelo Estado. Venho aqui trazer um novo meio de fazer política. É preciso deixar a decisão na mão do cidadão e não na mão do Estado, na mão do governo”, declarou. “A esquerda que dominou esse País só sabe reclamar. Eu, como negro, pobre e homossexual, não quero me vitimizar, quero alcançar o meu sucesso.”
Fernando Silva sugeriu que, em vez de controlar a educação, o Estado dê às famílias um vale para que elas matriculem seus filhos na escola privada que desejarem. “Eu quero que o filho da periferia possa estudar na mesma escola do patrão, em vez de se submeter ao péssimo ensino público.”
Espaços na Câmara
Para a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), que sugeriu a comissão geral, é preciso motivar os jovens a ocupar cada vez mais os espaços na Câmara dos Deputados. Em reposta a uma sugestão feita pelo representante da Juventude do Distrito Federal Arthur Porto Perpetuo, ela informou que já foi encaminhado um pedido à presidência da Casa para criação de uma Secretaria da Juventude, nos mesmos moldes da Secretaria da Mulher. “Se a juventude não lutar hoje, não teremos o futuro que merecemos, um futuro com o qual todos nós sonhamos”, afirmou a deputada.
O deputado Leo de Brito (PT-AC) destacou a participação da Câmara nos debates referentes à juventude e ainda os feitos do governo, que conta com programas de cotas e de acesso à universidade para jovens de baixa renda. “Milhões de jovens, que jamais teriam oportunidade, estão tendo hoje graças a essa força do Parlamento. Mas também é importante evitar retrocessos, porque hoje temos nesta Casa uma pauta medieval”, alertou.