Mesmo após registrar dois surtos de febre amarela entre 2016 e o ano passado, o Brasil ainda não atingiu a meta de vacinar 95% da população de áreas de risco contra a doença e agora teme um novo surto na região Sul do País no próximo verão.
Segundo dados do Ministério da Saúde apresentados nesta quinta-feira, 5, na 21ª Jornada Nacional de Imunizações, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em Fortaleza, somente 64% dos brasileiros com indicação da imunização foram, de fato, vacinados. Quase todas as regiões do País, com exceção de algumas partes do Nordeste, passaram a fazer parte da área de recomendação de vacina em 2018, quando um surto afetou o País.
Com a doença, antes restrita à região Amazônica, se espalhando por áreas de mata próximas a grandes concentrações urbanas, todos os municípios do Sudeste e Sul passaram a ser considerados pelo Ministério da Saúde áreas de risco e seus moradores foram orientados a buscar a imunização, mas a maioria dos Estados não alcançou a cobertura vacinal adequada.
Sem que a meta de vacinação tenha sido cumprida, o governo vem acompanhando a circulação do vírus pelos chamados corredores ecológicos, áreas de mata onde há deslocamento de macacos, primeiros indivíduos a serem contaminados quando o vírus está circulando em uma determinada localidade.
“Estamos agora fazendo um trabalho de intensificação da vacinação na região Sul do País porque foi feito um modelo preditivo de corredores ecológicos no qual identificaram a circulação do vírus. Então, tem uma previsão de que o vírus chegue a alguns locais do Sul até dezembro”, explicou Francieli Fantinato, coordenadora geral substituta do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, durante a Jornada.
Ela disse que as áreas mais críticas dos três Estados da região Sul são aquelas mais próximas ao litoral e destacou que cada Secretaria Estadual da Saúde está desenvolvendo sua estratégia para aumentar os índices de cobertura vacinal, mas que os Estados já foram divididos em diferentes zonas de acordo com a prioridade para intensificação da vacinação. “Há algumas áreas em que o vírus já está presente e que foram divididas em áreas vermelha, laranja e verde. A área vermelha é de vacinação imediata, a laranja também tem prioridade alta e a área verde é moderada, mas também se está intensificando a vacinação lá”, declarou.
De acordo com os dados do ministério, a situação mais crítica entre os Estados do Sul é o de Santa Catarina, onde a cobertura vacinal está abaixo dos 40%. “Temos que lembrar que a vacina da febre amarela não é mais apenas para o viajante. Todos devem tomar”, ressaltou Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm.
Dados do último boletim epidemiológico do ministério sobre febre amarela mostram que de janeiro a junho deste ano foram confirmados 82 casos e 14 mortes pela doença, a maioria deles no sul do Estado de São Paulo e leste do Paraná./ AE