Cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão desenvolvendo uma vacina que se mostrou promissora na luta contra a dependência química. Os testes feitos até agora mostraram que os anticorpos podem ser repassados para os fetos. Ou seja, o medicamento seria eficaz também em bebês de gestantes usuárias de drogas.
“Se o Brasil sair na frente, desenvolvendo uma vacina que, inclusive possa proteger os bebês, a gente está prevenindo vários outros agravos à saúde desse bebê, e vários outros problemas de saúde pública, de inteligência, de saúde geral, a longo prazo”, diz a neuropediatra Liubiana Arantes.
Por enquanto, os pesquisadores tiveram sucesso em experiências com animais. Para testar em humanos, é preciso um sinal verde da Anvisa. O pedido ainda não foi enviado.
“A gente já concluiu as fases pré-clínicas em relação à segurança e eficácia em animais roedores e não roedores, que são os primatas não-humanos. Já identificamos a eficácia dessa vacina nesses animais e, também, a segurança dessa vacina”, afirma Raíssa Lima pesquisadora da UFMG.
Os pesquisadores acreditam que, caso consigam os mais recursos, o trabalho pode ser concluído em dois ou três anos.O imunizante foi desenvolvido a partir de moléculas modificadas da própria droga. Nos animais, a vacina induziu o sistema imune a produzir anticorpos que se ligaram à droga já presente na corrente sanguínea dos bichos.
Essa ligação aumentou o tamanho das moléculas do entorpecente, impedindo a passagem delas pela barreira hematoencefálica – estrutura que regula o transporte de substâncias entre o sangue e o sistema nervoso central.
Sem chegar ao cérebro, o animal não sentiu os efeitos da droga. Os médicos esperam que, desta forma, no teste com humanos, a vontade de consumir crack e cocaína seja drasticamente reduzida./g1
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