Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista
A reunião do Consorcio Nordeste trouxe importantes investimento para o Ceará, foram anunciados R$ 56 bilhões para energias renováveis na região, mas, o evento também foi marcado por declarações políticas que agitam o cenário partidário no estado.
O senador Cid Gomes, também participou do encontro em Fortaleza e em suas declarações à imprensa sobre a política do estado, demonstraram que ele continua fazendo “política com a cabeça e não com o fígado”. Essa declaração é dele mesmo, ao comentar recentemente o seu afastamento político com o irmão Ciro Gomes em relação ao pleito passado.
Vamos as declarações de Cid. A primeira, diz que tem “zero plano” de deixar o PDT. Cid sabe que iniciar um relacionamento partidário com outra sigla, não é a solução do problema. Partidos menores estão desaparecendo e os maiores se juntando em federações para se salvarem. Basta olharmos os números dos dois últimos pleitos para deputado federal. Em 2018, no Ceará, 12 siglas partidárias tinham representação na Câmara Federal, esse número caiu para sete em 2022.
Cid disse que não tem o desejo de sair da legenda e se mantém motivado com o partido. Até aí, nada de anormal. O que disse depois é o que chama à atenção. O senador declarou que representa o sentimento majoritário do PDT no Ceará e que tem a vontade, não por vaidade, mas de presidir o partido. Inteligentemente, Cid inverte a lógica do pensamento pedetista. Ele está senador da República, tem relação com a maioria da bancada federal e estadual, enquanto a outra ala que se posiciona contra, estão sem mandato. Ele não quer briga, mas deixa nas entrelinhas que o valor das negociações podem ser alterados no percurso.
Cid também não aprofundou o debate sobre as especulações de uma possível saída do presidente da Assembleia do Ceará, Evandro Leitão, do partido, ele também elogiou a liderança do irmão Ciro Gomes. Cid acompanha toda movimentação política do estado, observando os movimentos de cada grupo, sempre com a cabeça e não com o fígado.
Sejamos justos, o senador cearense defendeu no passado a aliança entre PDT e PT, quando o Partido dos Trabalhadores ainda não estava com o comando da nação. Ele manteve a lógica do pensamento e mais do que ninguém, consegue enxergar que esse não é o momento para essa ruptura drástica entre as duas legendas, uma vez que sabe a força do governo federal. Os dados das duas últimas eleições de deputado federal, também corroboram sua tese, em 2018, o PL, antigo PR, só tinha uma cadeira na Câmara, com a força de Bolsonaro o partido saltou para cinco deputados federais eleitos.
Por fim, Cid diz que antes de pensar em reeleição, Sarto deve pensar na administração. Mesmo com as relações distanciadas ele vai dando o norte, na primeira crítica que fez ao gestor, Sarto criou mais ânimo e foi para o campo. É o que o senador espera dele, que desperte e faça jus a seu propósito.
A visão política de Cid é singular, ele sabe mexer com as peças do tabuleiro político e a todo momento tenta ajudar, alguns acabam metendo os pés pelas mãos e não acompanham à sua visão de jogo. É por essa razão que a política é tão fascinante, uma vez que ninguém consegue jogar sozinho, uns interferem no resultado dos outros, por que é feita, coletivamente.
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