Enquanto expoentes da esquerda manifestaram apoio ao ataque, grupos na direita disseram que tratava-se de terrorismo. O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), por exemplo, classificou o ato contra a estátua como “ação simbólica importante”. Já o advogado Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República, disse que tratava-se de uma ação “terrorista” para “apagar nossa história, e criar o caos”. Ele chegou a sugerir que o próximo passo dos grupos que apoiaram o incêndio seja queimar igrejas.
Outros parlamentares de esquerda, ao comentar o caso, destacaram o histórico de violência contra indígenas associado aos bandeirantes e a Borba Gato. “O que vocês acham que devem ser feito com monumentos que homenageiam homens cujo passado é marcado pela exploração e pelo genocídio?”, questionou a vereadora de São Paulo Erika Hilton (PSOL). O influenciador digital conservador Leandro Ruschel disse que o caso “segue o padrão de ação dos terroristas de extrema-esquerda nos EUA”, e acusou políticos da oposição de “incentivar o terrorismo”.
“Muito ruim o modismo de derrubar e queimar estátuas chegar aqui”, disse a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP). “Parece que nossa capacidade se limita a imitar o que há de pior no exterior.”
O ataque à estátua do bandeirante repete uma onda de protestos contra monumentos a figuras históricas ligadas ao colonialismo e à escravidão, que ganhou força no ano passado especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Diferentes estátuas de Cristóvão Colombo, considerado o descobridor do continente americano, foram depredadas em cidades americanas durante as manifestações antirracistas de 2020, que tiveram como estopim o assassinato de George Floyd. Em Bristol, na Inglaterra, manifestantes jogaram no rio uma escultura do traficante de escravos Edward Colston.
Historicamente, a derrubada de estátuas não é um ato praticado apenas por grupos de esquerda. Nas últimas décadas, isso ocorreu tanto nas manifestações de 2014 na Ucrânia, quando esculturas de Vladimir Lenin foram derrubadas, quanto em 2003 quando o exército americano trouxe abaixo uma estátua de ferro Saddam Hussein em Kerbala, no Iraque.
A estátua de Borba Gato já havia sido alvo de protestos em 2016, quando amanheceu coberta de tinta vermelha. Desde então, grupos contrários ao monumento passaram discutir a possibilidade de sua remoção.
O crime de dano ao patrimônio público, previsto no Código Penal, pode resultar em detenção de seis meses a três anos, e é inafiançável. Já o crime de terrorismo, na legislação brasileira, é definido como um ato que tem a finalidade de provocar “terror social ou generalizado” por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião. Os atos previstos na lei antiterrorismo incluem situações como atentados contra a vida, utilizar substâncias que podem causar destruição em massa, ou sabotagem. /AE
Foto: Reprodução
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