//Esperança no 2º semestre

Esperança no 2º semestre

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As esperanças na educação se voltam para o segundo semestre. Já tivemos sensação semelhante na virada de 2020 para 2021, quando muita gente acreditou que as escolas voltariam a funcionar plenamente. Mas veio uma nova onda da pandemia e de fechamentos – a maioria das redes de ensino do País sequer conseguiu reabrir em fevereiro. Mesmo com números da covid-19 nada otimistas, agora as escolas contam com um elemento a mais para acreditar em uma retomada eficiente: a vacina. 

Muitos Estados e municípios conseguiram finalmente priorizar professores e outros trabalhadores de educação, a despeito de toda a má gestão na compra de imunizantes pelo governo federal. Em São Paulo, que tem o maior número de profissionais da área no Brasil, educadores, merendeiras, faxineiras, de todas as idades, passaram a ter direito a serem vacinados na sexta-feira passada.

Dependendo da vacina que receberem, alguns estarão ainda sem a segunda dose, mas a escola precisa voltar a ser uma rotina na vida da crianças e adolescentes depois das férias de julho. Caso contrário, caminhamos para mais um ano perdido e, pior, com a confirmação das previsões mais sombrias. Estudos recentes falam em adolescentes do ensino médio desaprendendo tudo e voltando ao patamar de um aluno de ensino fundamental. Outros anunciam mais de dez anos para recuperação. E há quem declare que se trata de uma geração perdida.

Na semana passada, a Human Rights Watch e o Todos Pela Educação divulgaram carta conjunta denunciando o fracasso do governo brasileiro na resposta à emergência educacional que veio com a pandemia. O texto lembra que a educação de crianças e adolescentes faz parte dos direitos humanos, garantidos internacionalmente. E pede que haja “campanhas nacionais de volta às aulas, com sensibilização em massa nas comunidades para convencer as crianças e os adolescentes que estiveram fora da escola a voltarem”.

Mesmo com escolas abertas, cidades têm enfrentado a rejeição das famílias, muitas vezes vítimas da desinformação. Na rede estadual paulista, só 1,8 milhão de alunos dos 3,5 milhões têm frequentado as atividades presenciais. Já em escolas particulares de elite, em geral, só cerca de 10% deles têm ficado em casa. A frequência ainda é voluntária, algo que também pode ser repensado para o segundo semestre, se a pandemia estiver mais controlada.

Claro que há exceções, mas a maioria das escolas públicas, por esforço de prefeituras e Estados, foi equipada para cumprir protocolos sanitários, com distanciamento, diminuição do número de alunos por turma, ventilação, uso de máscaras e álcool em gel. Não é preciso nada de outro mundo para se proteger na escola, só fazer o que pedem as autoridades responsáveis há mais de um ano. E não ouvir o presidente do País, que fala em desobrigar o uso de máscaras para quem está vacinado.

Além da aprendizagem, que afeta o desenvolvimento do indivíduo e do País, sem escola estamos perdendo a formação de cidadãos. São nas interações escolares que mais se aprende a dividir, ouvir, refletir, sentir pelo outro. A intermediação de um bom professor faz milagres – ensina democracia e respeito.

Profissionais devidamente vacinados das redes públicas e privadas devem se agarrar a esses cinco meses do próximo semestre como a última chance para evitar a catástrofe. Repensar currículos, focar apenas no essencial e no que é possível ensinar no pouco tempo que resta. Olhar com empatia para aqueles que mais ficaram para trás. Trazer de volta. Não adianta mais esperar pela escola que havia em 2019. Esperar que os números da pandemia não nos assustem mais. A escola é agora na vida de uma criança. /AE


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