Segundo a professora do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Xinaida Taligare Vasconcelos Lima as doenças psiquiátricas podem apresentar sintomas na pele ou agravar doenças crônicas pré-existentes. “O problema primário é psiquiátrico e as manifestações cutâneas são secundárias,” observa. Ela destaca como exemplo, a tricotilomania, em que há uma compulsão recorrente em arrancar cabelos; e a desordem de escoriação, ato irresistível de escoriar a pele, que pode estar relacionada a transtorno obsessivo-compulsivo. Ela pontua que a melhor forma de prevenção é identificar e tratar os transtornos psiquiátricos de base.
“O diagnóstico dever ser feito por dermatologista, após afastar outras causas de doenças de pele, como, por exemplo, doenças infecciosas ou inflamatórias. Muitas destas doenças podem ser extensas e repercutir significativamente na qualidade de vida. Nestes casos, mesmo em tempos de pandemia, é importante que o paciente procure atendimento médico para diagnóstico das mesmas e tratamento adequado”, frisa.
Resposta emocional
Para a psicóloga e psicoterapeuta, mestra e doutora em Psicologia, Isadora Dias, embora se tenha difundido o contrário, a verdade é que todo o sistema emocional acontece no corpo. “O cérebro é o responsável por perceber os eventos e desencadear resposta emocional para o corpo, que por sua vez, reage”, diz. Entende que todos deveriam aprender sobre emoções e sentimentos, e ter esses temas nos currículos das escolas. Afirma que, com regulação emocional, fica mais fácil ter saúde de todas as formas.
“Quando as emoções não são devida ou suficientemente sentidas ou expressas, o mesmo corpo que sente, às vezes também adoece. A primeira medida de prevenção é procurar autoconhecimento: perceber as próprias emoções e conhecer as suas necessidades a cada momento”, pontua.
Conforme Isadora Dias, como atualmente vivemos um momento já previamente estressante e ansiogênico (de ansiedade, que causa sofrimento), alguns fatores podem contribuir para a criação de uma saúde emocional e evitar o agravamento.
Manter uma rotina (hora para acordar, dormir e se alimentar);
Uma alimentação saudável, banhos de sol, manter a vida social com segurança, praticar atividades físicas;
Evitar excesso de eletrônicos e de notícias (principalmente ruins);
Praticar a espiritualidade (para os que já desenvolvem este lado) e cultivar um pensamento de esperança, sem perder o contato com a realidade.
“Se esses hábitos não forem suficientes ou não for possível colocá-los em prática, busque ajuda profissional. O psicólogo e psiquiatra saberão indicar a necessidade e a melhor forma de tratamento”, ressalta.
Causas
A explicação para o aumento de casos de doenças da pele em plena pandemia ocorre porque a pele e sistema nervoso estão diretamente ligados. Segundo especialistas, é no sistema psíquico do cérebro, onde estão localizadas as emoções e a pele e sistema nervoso são originários do ectoderma, e depois se dividem. A pele também reage as emoções, quando alguém fica ruborizado, arrepiado ou com suor frio. Mas em casos extremos, como a causada pela pandemia, podem mexer com o estado natural do sistema nervoso. Com a depressão o sistema nervoso parassimpático (que traz relaxamento) fica paralisado. Já quem tem raiva e emoções negativas tem reflexos também na pele, como o surgimento de dermatites. Vitiligo, alopecia e psoríase também têm uma causa psíquica./ cmfor
Foto: Agência Brasil
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