Ministro do STF, Celso de Mello reage a vídeo de Bolsonaro

3 Min. de Leitura
Ministro do STF Celso de Mello durante sessão plenária da Segunda Turma para julgamento de recurso que questiona a liberdade concedida a José Dirceu, e inquérito contra o senador Aécio Neves, entre outros processos.

O presidente Jair Bolsonaro publicou nesta segunda-feira (28/10), um vídeo nas suas redes sociais, no qual o presidente é representado por um leão cercado por hienas. Os animais são identificados como diversas entidades e movimentos, entre eles o STF, a ONU, a imprensa e o PSL, seu partido.

Também integram o bando que ronda o “presidente” entidades como a OAB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a CUT e a Força Sindical, além do Greenpeace e dos movimentos MST e MBL. Menos palpáveis, feminismo, “isentão” e a Lei Rouanet também são representados como hienas. Algum tempo após a publicação, o vídeo foi apagado.

O ministro do STF, Celso de Mello,  o vídeo “culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores”./Mg

Veja a íntegra da nota do ministro e logo abaixo o vídeo:

A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no “Twitter”, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma “hiena” culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores.

Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de “gravitas” e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República.

É imperioso que o Senhor Presidente da República – que não é um “monarca presidencial”, como se o nosso País absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados – saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil.

Compartilhar Notícia